quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Maconha e vinho (Por Dr. André Barros)


Logo no início de matéria abertamente contrária à maconha, em sua edição 2293 do dia 31 de outubro de 2012, a revista Veja saiu com a seguinte pérola: “ (...) Maconha não faz menos mal do que álcool ou cigarro. Cada um desses vícios agride o organismo a sua maneira, mas, ao contrário, do que ocorre com a maconha, ninguém sai em passeata defendendo o alcoolismo ou o tabagismo.(...)”

Em primeiro lugar, tal afirmação é completamente estapafúrdia, pois a maconha é ilegal e ainda criminalizada. A Marcha da Maconha, no Brasil e no mundo, luta pela descriminalização e legalização da maconha para diversos fins que vão do medicinal ao recreativo. Por que se lutaria pelo álcool ou pelo cigarro se estes são liberados, inclusive com alto consumo dos adolescentes nas barbas de todos os moralistas de plantão?

Segundo, devemos atacar todo esse discurso hipócrita da preocupação com a saúde pública. Evidentemente, as Marchas do álcool ou do cigarro seriam totalmente desnecessárias, até porque, seu consumo é incentivado ininterruptamente por anúncios, com avisos relâmpagos ao final dizendo que estes fazem mal à saúde. Existem inclusive políticas de governo para o crescimento do consumo. 

A política de criminalização e ilegalidade da maconha, com supostos fins de redução, também é um fracasso, pois o consumo da erva só aumenta.

A criminalização da maconha é racista, já que se trata de um hábito trazido pelos negros escravizados e degredados da África, e sua política serve apenas para alimentar a sede dos proibicionistas criminalizadores e as caixinhas do tráfico que alimentam todo esse vergonhoso sistema penal, que existe apenas para controlar e punir pobres e negros. Onde estão os financiadores do tráfico que vendem milhões de pedras de crack e não são sequer denunciados na tipificada conduta do artigo 36 da Lei 11343/2006?

Há poucas semanas, o governo comemorou, e a grande mídia nacional também, o acordo firmado entre produtores brasileiros e importadores para que os vinhos brasileiros tivessem mais espaço nas gôndolas dos supermercados, com a meta de aumento de 5% para 25%. Outra meta é o aumento do consumo de vinho pelos brasileiros, considerado muito baixo, menos de 2 litros no ano por pessoa. A meta é aumentar o consumo de vinho para dois litros e meio, por brasileiro, ainda muito baixo diante do americano que consome 10 litros por ano.

O álcool também é droga e é legalizado pelo mercado, que domina o Estado com suas políticas de aumento do consumo, onde sequer é levantada a preocupação com a saúde.

Enquanto a maconha foi proibida e seu uso nas religiões afro-brasileiras foi criminalizado, o Evangelho de João narra que o primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho. Era um casamento, e Cristo fez isso a pedido de Maria, pois o vinho havia acabado. O fim daquela droga estragaria a festa. Para espanto dos convidados, ao contrário do costume de servir o pior vinho no final, depois de que todos já estão embriagados, o vinho milagroso foi servido no final da festa, e era do bom! 



ANDRÉ BARROS, advogado da Marcha da Maconha
Rio, 7/11/2012



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